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Memorial aos migrantes

ARQUITETOS E COLABORADORES
Colectivo Arrabal [Carlos Martínez, Carlos Becerra, Daniel Da Rosa, Engels Ruelas, Javier Castro, Julio Gutiérrez e Ricardo Bocanegra]
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SERVIÇO
Intervenção urbana-paisagística
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LOCAL
Colônia de Sacramento, Uruguai
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ANO DO PROJETO
2018

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PUBLICADO

https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/20.235/7839

Memorial a los Migrantes

A ideia surgiu de inúmeras noites de conversas, da forte referência de Colônia (Uruguai) ao artista Joaquin Torres García, sua frase de que "nosso norte é o sul" e a imagem que todos temos tatuada no imaginário, esse esboço da América Latina invertida, onde o sul se torna a referência, o lugar até onde caminhar. ("Vamos caminhando hasta el Sur", diz uma musica da banda argentina Los Espíritus, fonte importante de inspiração nas nossas conversas sobre projeto)
Começamos a nos perguntar questões de identidade latino-americana, e tudo apontava para a migração que todos os latinos compartilhamos.  De histórias de migração todos nós viemos, e esse instinto que todos nós sentimos, essa necessidade de caminhar, por situações, por impulso, por inércia ancestral.

Conceito: Peregrinos.
O termo peregrino carrega implícita uma questão de fé, não para uma religião, mas para uma crença própria, algo que fortalece. Queremos botar numa outra perspectiva o conceito de migração devida à falta de oportunidade ou necessidade, e virar para ‘peregrinação’, uma questão de convicção. (Andando com fé, que a fé não costuma ‘faiá’- que diria o Gil)

Os Migrantes são apresentados como silhuetas abstratas com armados de vergalhões de aço, com estribos e amarrações, do jeito similar ao que são feitas as colunas de concreto armado, pela facilidade construtiva e para dar essa mensagem de deconstruir significados.
A ideia era até irónica: no encontro de estudantes de arquitetura ia dar a impressão de que os participantes da oficina estavam apenas criando armados de vegalhões de aço simples, cuadrados... e ai essas peças eram deformadas para criar ao invés de uma coluna, uma escultura, e cada escultura era a representação de um corpo, uma maneira de aprender a fazer um armado simples de aço e ao mesmo tempo aprender a deconstruir esse conceito da função lógica. 
As esculturas foram ‘semeadas’ num lugar maravilhoso. O memorial aos migrantes ficou na beira do Rio de la Plata, numa praia de grama, que já era um lugar poético por si mesmo. Assim, as silhuetas ficavam recortadas contra o horizonte infinito.
 

Detalhe simbólico/poético: O fogo interior
A nossa ideia era dar a cada migrante um conceito desse fogo interior, e que de noite cada escultura virasse um farol na beira do rio. Esse fogo transmitia a mensagem dessa ilusão, ou motivação que cada peregrino leva dentro de si quando vai andando até um objetivo. Também fazia função de lembrança de uma vida em combustão.
O fogo foi produzido por pelotas ‘tatá’ , que é um objeto de herança guarani que sempre está presente nos ELEAS, num evento organizado pela família paraguaia, onde uma multidão chuta dezenas de bolas feitas de panos velhos que são acendidas , então numa espécie de ritual bélico, a multidão ‘guerreia’  chutando bolas de fogo. Essas bolas molhadas em gasolina foram o fogo perfeito, e adicionava essa força de simbolismo latino-americano para os migrantes. 

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